DVD Amazônia Entre Águas e Desertos - Lançamento 2015. Gravado ao vivo no Auditório Ibirapuera Oscar Niemeyer, São Paulo, em 18 de Julho de 2014. Autor: Vital FariasIntérprete: Socorro LiraArranjo e direção musical: Jorge Ribas
Era uma vez na Amazônia a mais bonita florestaMata verde, céu azul, a mais imensa florestaNo fundo d'água as Iaras, caboclo lendas e mágoasE os rios puxando as águasPapagaios, periquitos, cuidavam de suas coresOs peixes singrando os rios, curumins cheios de amoresSorria o jurupari, uirapuru, seu porvirEra: Fauna, flora, frutos e floresToda mata tem caipora para a mata vigiarVeio caipora de fora para a mata definharE trouxe dragão-de-ferro, prá comer muita madeiraE trouxe em estilo gigante, prá acabar com a capoeiraFizeram logo o projeto sem ninguém testemunharPrá o dragão cortar madeira e toda mata derrubarSe a floresta meu amigo, tivesse pé prá andarEu garanto, meu amigo, com o perigo não tinha ficado láO que se corta em segundos gasta tempo prá vingarE o fruto que dá no cacho prá gente se alimentar?Depois tem o passarinho, tem o ninho, tem o arIgarapé, rio abaixo, tem riacho e esse rio que é um marMas o dragão continua a floresta devorarE quem habita essa mata, prá onde vai se mudar???Corre índio, seringueiro, preguiça, tamanduáTartaruga: Pé ligeiro, corre-corre tribo dos KamaiuraNo lugar que havia mata, hoje há perseguiçãoGrileiro mata posseiro só prá lhe roubar seu chãoCastanheiro, seringueiro já viraram até peãoAfora os que já morreram como ave-de-arribaçãoZé de Nana tá de prova, naquele lugar tem covaGente enterrada no chãoPois mataram índio que matou grileiro que matou posseiroDisse um castanheiro para um seringueiro que um estrangeiroRoubou seu lugarFoi então que um violeiro chegando na regiãoFicou tão penalizado que escreveu essa cançãoE talvez, desesperado com tanta devastaçãoPegou a primeira estrada, sem rumo, sem direçãoCom os olhos cheios de água, sumiu levando essa mágoaDentro do seu coraçãoAqui termina essa história para gente de valorPrá gente que tem memória, muita crença, muito amorPrá defender o que ainda resta, sem rodeio, sem arestaEra uma vez uma floresta na Linha do Equador