As ameaças à pesquisadora brasileira Larissa Mies Bombardi, professora do Departamento de Geografia da Universidade de São Paulo (USP), intensificaram-se após a publicação, na Europa, em 2019, do atlas "Uma geografia do uso de agrotóxicos no Brasil e suas relações com a União Europeia", na versão em inglês. O trabalho expôs a presença de resíduos agrotóxicos nos alimentos brasileiros. Após ter acesso às informações, uma das maiores redes de supermercados orgânicos da Escandinávia passou a boicotar os produtos brasileiros.A pesquisadora revela ter recebido intimidações, tanto no plano profissional, quanto pessoal, incluindo desqualificações às suas pesquisas, ameaças de morte e um assalto a sua residência. Bombardi decidiu sair do Brasil com os dois filhos em abril de 2021. Atualmente, ela vive em Paris, onde desenvolve pesquisas no Institut de Recherche pour le développement (IRD, na sigla em francês), sob um programa nacional para cientistas no exílio. A cientista passou algumas semanas no Brasil para lançar o livro "Agrotóxicos e Colonialismo Químico" (Editora Elefante). A Unicamp sediou o lançamento, que aconteceu no dia 2 de agosto de 2024 na Associação dos Docentes da Unicamp (Adunicamp). Além de dados sobre o uso de herbicidas, pesticidas e fungicidas pelo agronegócio brasileiro, a autora discute, na obra, o conceito de colonialismo químico.“A expressão colonialismo químico ajuda a desnudar ‘o que’ e ‘em que’ tem se desdobrado esse movimento do capital, quando indústrias sediadas em países centrais do sistema econômico internacional vendem agrotóxicos proibidos em seus próprios territórios para países do sul global, particularmente da América Latina”, diz um trecho da obra.